31 de julho de 2009

A carta.

"Inês chegou em casa tomada por uma dor constante no coração que, estranhamente, parecia querer saltar de seu peito. Correu em direção ao quarto e se jogou na cama. Ela lutava contra seus pensamentos mas os mesmos insistiam em tomá-la por inteiro. Iluminada por um facho de luz que atravessava o quarto escuro, ela pegou a carta no bolso da calça e a leu. De novo.

"-Inês, me perdoe. Não queria ser o causador da dor que, tenho consciência, causarei. Sabe, você tinha razão quando dizia que eu parecia estranho. É, realmente, aquele não era meu estado normal. Você sabe. Eu sei. E isso me dói. Se eu pudesse escolher... ah, se eu pudesse escolher escolheria o seu amor. Esse amor forte, acolhedor. Esse que, tenho certeza, estaria sempre pronto para me receber. Sempre. Onde sei que posso chorar e ser eu mesmo. Mas não mandamos em nosso coração, não é mesmo?! Sei que vai encontrar alguém que te faça tão feliz quanto eu gostaria de fazer. Mas não fiz. Acredite, isso tudo aconteceu à revelia de minha vontade. Porém, preferi ser sincero, honesto como dizia o 1º mandamento do nosso "regulamento do amor":
1- Seja honesto;

Me lembro como se fosse hoje o dia em que nos conhecemos. Você, sentada naquele banco da praça, lendo. Linda... Deixa isso pra lá. Não quero aumentar a dor.
Oh, Inês, não queria que fosse assim. Não queria que tudo acabasse assim.

Porque? Porque? - Sussurrava Inês, imersa na escuridão, não só do quarto, mas também de seu coração.

Você sabe, jamais partiria sem lhe dizer o verdadeiro motivo. Cumprindo nosso mandamento. Bem, a verdade: Conheci outra pessoa. Me perdoe. Não pude evitar. Não queria, mas... ela mexeu comigo.

De cinco em cinco minutos conheço pessoas que mexem comigo. Mas não preciso nem de dois segundos para saber quem eu realmente quero. - Agora eram gritos. Gritos de dor.

Me perdoe, Inês. É só o que te peço. Me perdoe.

Inês adormeceu apertando a carta contra seu peito que doía. Adormeceu na escuridão que a invadia por inteiro. Pra sempre."

9 comentários:

Michelle disse...

Senti junto com a Inês isso tudo, ai que dor!
Muito pronfundo e tocante o seu texto, dá uma dorzinha de ver todo esse amor se desfazendo.
Lindo, como tudo que é triste.

Beijos e bem vinda de volta!

Vinicius disse...

Oi.

"- Hum. Lembrou-me o inicio do Romance que eu tenho escrito; não sei se é uma impressão, talvez seja pelo adeus. Vou lhe convidar para ir ao arquivo dos posts, no mês de Julho e ler o texto - Romance. Depois me diz o que achou. Acho que identifiquei algo muito semelhante. Algo além do sentimento de perda, o adeus, o estar perdido – mas antes de tudo e único a solidão e a tristeza.” Ótimo final de semana. Abraço.

Fer. disse...

Caramba Tati! mexeu hein! :/ Todas nós somos um pouco de Ines né?
Quero agradecer pelas palavras no post anterior, me fez abrir os olhos e pensar de outra forma.
Um beijo no seu coração :)

beat disse...

Caramba! uahsuashauhsa adorei xD , um beijao!

Anônimo disse...

Muito intenso, eu podia ser Inês. A pior morte não é a morte dos dois, mas sim a morte do amor. Lindo texto.

Loize Carol disse...

- Que texto forte e intenso, a expressão das palavras, foi como presenciar a dor da Inês. Amo "contos/histórias", confesso que escrevo, masi nunca posto :|
Que em um post futuro a Inês se recupere dessa dor amargurante :))

Beijos moça, tem selinho pra você.
Ótima semana! (;

Vanessa Karoline . disse...

Nossa, ameeei *-*
mexeu muito comigo :\\

Lindo, lindo seu blog !
Beeeeijos:**

sucesso!

M.A.N disse...

Não sei como vim parar aqui. Mas já me apavora a possibilidade de não saber voltar. Se inteligência é mesmo síntese, como apregoa o meu blog, então basta que eu te diga uma única coisa: brilhante! Parabéns e beijo. Marcos.

Mayana Carvalho disse...

Senti toda a dor por ela.. Um coração partido, despedaçado. Como dói.

Beijos